3 de set. de 2012

“A Arte do Encontro”

“... porque para viver a dois, antes é necessário ser um”.
(Fernando Pessoa)

            A foto do quadro dos pássaros – feito pelas mãos e pelo coração sensível da querida amiga e artista plástica, Rosely Corbellini Indalêncio - está posicionado no “guá do relacionamento” do Espaço Matrix, irradiando a cumplicidade amorosa que rege os relacionamentos.

            Embora não seja entendida em pássaros, sou uma grande admiradora e um dos momentos que me promovem maior alegria e prazer é observá-los nos nossos ‘encontros’ diários, aqui no Matrix.

            Sempre que os vejo, eles nunca estão sós.
Aparecem em pares e, apesar da liberdade de ir e vir de uma arvore à outra, dando a falsa impressão de estarem sós, há uma cumplicidade amorosa que os une e que é percebida quando se reencontram em um galho qualquer.
É encantador... e me faz refletir sobre o cerne das verdadeiras relações.

Diferentemente da sabedoria inata da natureza dos pássaros, precisamos re-criar essa cumplicidade amorosa com liberdade, nas oportunidades de relacionamento que crescem no seio de uma família - inicialmente, entre o homem e a mulher, estendendo-se a pais e filhos, familiares, amigos queridos e os sem-fim de ‘anônimos’ - para aprendermos, muitas vezes através das diferenças, que na realidade somos todos, profundamente semelhantes.
Onde, "toda união entre as criaturas se faz essencialmente um reencontro consigo mesmo, uma fusão com aquele do qual nos separamos. Uma descoberta de si mesmo nos outros", como já dizia Sri Aurobindo.

A partir dessa perspectiva, todo encontro passa a ser singular, pois serve como uma grande ferramenta de aprendizado sobre nós mesmos, aonde vamos adquirindo aos poucos a percepção de quem realmente somos, através do ‘outro’ e das situações - que sempre nos trazem a oportunidade do conhecer-se um pouco melhor, em todas as dimensões da existência.

Quando esse processo inicia, o olhar se modifica, amplia, clareia e por fim, ilumina!! E, então, entendemos que “para se relacionar de maneira saudável com outra pessoa é preciso, antes, estabelecer uma relação plena e feliz consigo mesmo”.(Monge zen-budista – Yasuhiko Genku Kimura)

Diante de tanta Compaixão que a Vida me oferece escolho e permito-me a cada encontro - com pessoas, situações, com a natureza dos pássaros, das flores, dos animais, dos alimentos e de tudo que faz parte de meu viver – a libertar-me de minhas crenças e padrões limitantes, de meus pré-conceitos enrijecidos para ser cúmplice de todos eles no poder coesivo do Amor.

Assim, despida de minhas ilusões, gentilmente, posso me reconhecer, a cada aqui e agora, a ‘olhos nus’, onde o ‘nu’ já não me amedronta mais quando permito-me a transparência de mim mesma para transcender-me.

Pois é dessa forma que posso me sentir plena e una. Antes, comigo mesma, para ser una com toda a Vida, “porque para viver a dois, antes é necessário ser um”.

Todo encontro é, em essência, Divino.

E, “tudo está perfeito sempre”(Ananda Prem)!!!

Eu sou grata à Vida, à Luz e ao Amor.
Eu sou sempre grata.
Namaste.

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