6 de jul. de 2011

Hibernação - espera serena e consciente

“A existência inteira espera pelo momento certo. Até as árvores sabem disso – qual é o momento de florescer, e o de deixar que as folhas caiam, e de se erguerem nuas ao céu. Também nessa nudez elas são belas, esperando pela nova folhagem com grande confiança de que as folhas velhas tenham caído, e de que as novas logo estarão chegando. E as folhas novas começarão a crescer. Nós nos esquecemos de como é esperar: queremos tudo com pressa. Trata-se de uma grande perda para a humanidade...” (*)

         A sabedoria da natureza nos ensina que há tempo para tudo e, se em nossa experiência de vida, pararmos apenas alguns instantes para refletirmos sobre isso, logo saberemos o quanto estamos aplicando dessa sabedoria inata, que também possuímos, mas que talvez, pouco acessemos em consciência plena.

         No inverno, as árvores se colocam num estado de repouso, de férias, apenas aguardando o momento certo para florescerem novamente, renascerem num novo ciclo de vida! Aguardam, silenciosas, serenas, reverentes...

         Então, voltemos ao nosso processo:

Por quantas estações já passamos e como as vivenciamos?

O Verão, com sua alegria, pura vitalidade em ação! Quando somos a realização do propósito em alegria e entusiasmo!
  O Outono com a sabedoria da renovação e do desapego na imagem das folhas que caem. Quando nos permitimos reciclar, desfazendo-nos em gratidão ao que nos serviu, abrindo espaço para novas possibilidades!
O Inverno com o recolhimento na percepção da pausa e do repouso inteligentes. Quando esperamos em serenidade e consciência o desenvolvimento do novo, como um processo de gestação.
A Primavera com a beleza do florescer em preparação para o renascimento através do fruto com novas sementes... processo sem fim! Quando colocamos todo o potencial gerado em atividade para povoar o mundo de beleza e cor!

         Mas, nem sempre esse processo é consciente e natural em nossa vida humana. E, isso se torna um paradoxo, se considerarmos que isso acontece exatamente conosco, ditos seres Humanos, capacitados com a inteligência e a liberdade que o livre-arbítrio permite.

Contudo, isso não é motivo para lamentações, penalizações ou frustrações.
Antes, um motivo de atitude!

Uma mensagem pessoal no MSN de um amigo de meu filho me chamou a atenção pela simplicidade objetiva. E, creio ser pertinente e, principalmente sugestivo:

“Quem quer, arruma um jeito; quem não quer, arruma uma desculpa”.

         Deixemos, pois, as desculpas de lado e, mesmo diante do corre-corre do dia-a-dia, das cobranças internas, das metas enlouquecedoras, “arrumemos um jeito”, um tempo para uma pausa para si.

         Desse modo, o Espaço Matrix entra em seu período de férias, entendendo a importância dessa “Época de repouso”, na compreensão de que “o corpo humano não pode atuar com toda sua potencialidade sem períodos frequentes de repouso”.

Onde, “Férias” podem ser entendidas como “a mudança da rotina cotidiana que ajuda a restaurar o corpo, a mente e a disposição das pessoas.”

Lembrando que essas Férias, no sentido de permitir-se uma pausa para si, não significam, necessariamente, sairmos em um roteiro turístico pelo mundo afora, mas até podemos fazê-lo, desde que entendamos o princípio do “estar consigo, onde quer que se encontre”, tão bem definido pelo ZAZEN:

ZAZEN “quer dizer apenas que, se você permanece na própria fonte, sem deslocar-se para parte alguma, uma força imensa se levanta, uma transformação de energia em Luz e Amor, em uma vida maior, em compaixão, em criatividade. Ela pode assumir formas variadas.
Primeiramente, porém, você tem que aprender como permanecer na fonte. Depois, então, a fonte decidirá onde está o seu potencial. Você pode relaxar na fonte, e ela o levará ao seu próprio potencial.(*)

Aprendendo a “estar consigo onde quer que se encontre”, poderemos sentir a leveza das férias em quaisquer situações e contextos em que nos encontrarmos, até mesmo nas situações mais desafiadoras de nosso cotidiano.

E, desse modo retornarmos de nossas férias concretas, modificando o nosso “modus operandi” para entrar no estado de férias eternas que o “contato consigo” promove!!!

Nos vemos em agosto, desejando um ótimo período de “hibernação consciente” para o retorno em verdadeiro desfrute da vida!

(*)O Taro Zen, de Osho

Créditos da foto: Autor(a) Penvmbra 
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