21 de fev. de 2012

“Sensibilidade à ‘flor’ da alma”

“Eu posso lhe dar a flor, mas como posso lhe dar a fragrância?”

O que torna todo e qualquer evento um real aprendizado é o sentido que ele traz consigo. Onde o ‘sentir’ esse significado intrínseco é o que valida a experiência.
Pois, tudo tem uma função ordenada, onde o evento ‘concreto’ tem uma finalidade, porém não se finda em si mesmo, do mesmo modo que “o significado literal está no dicionário, na linguagem, na gramática e o significado experimental e existencial está dentro de nós”.

No post anterior, falávamos sobre a maturidade e as novas percepções e compreensões que chegam com ela.
A maturidade começa com a conscientização das nossas verdades mais internas, mas ela vai além quando promove novas compreensões, em patamares cada vez mais sutis, nos capacitando a ações eficientes e efetivas, pois nesse movimento quem governa é o amor.

E, nisso reside o sentido do ‘dia do grande vôo dos gansos’, quando eles atingem novos horizontes onde a harmonia é alcançada pelo olhar transcendente que toca a verdade que pulsa em seu interior, e que só pode ser acessada pela sensibilidade. (vide artigo anterior – “A maturidade e o vôo dos gansos”)
Essa compreensão não se faz apenas com o intelecto, ainda que ele seja o caminho, pois quando se fala sobre essa ‘Verdade interior’, “a mente medíocre a entende intelectualmente, mas não pode compreendê-la totalmente”.

“A palavra é ouvida, mas o significado lhe escapa. A mente percebe que pode entender intelectualmente; ela é uma pessoa instruída, pode ser formada em alguma faculdade, até com doutorado. Ela entende o que você está dizendo porque entende a linguagem, mas sente que deixou escapar algo. Ela entende a palavra, mas a palavra não é a mensagem. A mensagem é algo sutil; ela pode vir com a palavra, mas não é a palavra”.
Porém, quando tocados por essa maturidade de ser, começamos, a partir dessa nova compreensão, a enxergar além da flor, começamos ‘sentir o perfume da flor’.

Onde, “a palavra é como uma flor; e o significado é como uma fragrância que a circunda. Se o seu o olfato não estiver funcionando muito bem, eu posso lhe dar uma flor, mas não posso lhe dar a fragrância. Se a sua mente não estiver funcionando totalmente, eu posso lhe dar a palavra, mas não o significado, porque o significado precisa ser detectado por você”.
Assim, aos poucos, vamos compreendendo, nas sutilezas das entrelinhas da vida, que há muitos aspectos relacionados ao amadurecimento dos nossos verdadeiros sentimentos.
E, para que eles aflorem e possam um dia florescer e liberar o seu perfume, circulamos por diversos estágios de percepções desse sentir.

Há certos momentos em que o evitamos e nos esquivamos – é a recusa do sentir – onde não há contato, ignoramos a experiência.

Contudo, ao sermos tocados pela experiência, o sentir pode se manifestar de forma intensa e avassaladora – visceral, quase um contato físico - portanto mais denso, pesado, comumente traduzido pelo termo “emoção à flor da pele” ou – o sentimentalismo.

A mesma experiência também pode despertar o “sentir” genuíno, que também é profundo, porém suave – a sensibilidade – “sensibilidade à flor da alma” que revela a leveza, a calma que nos toca o coração e, não se prende às palavras, pois é pura e clara percepção.

Diante dessas nuances, vamos esclarecendo dentro de nós que o “sentimentalismo é ainda uma qualidade imatura”, ao passo que a “sensibilidade, uma qualidade madura”
E, desfazendo esse equívoco entendemos, que o ato de chorar em prantos, lamentar-se, reclamar ou magoar-se nos configuram como pessoas sentimentais “e sentimentalismo não é sensibilidade. Uma pessoa de sensibilidade fará alguma coisa; uma pessoa sentimental criará até mais problemas.”

Este é um grande ‘aferidor’ de nossa maturidade, pois quando somos capazes de ‘fazer efetivamente alguma coisa’ que promova mudanças substanciais para que a nossa vida seja mais harmoniosa, é sinal de que estamos receptivos a essa sensibilidade e não reféns do sentimentalismo.

“O sentimentalismo é um caos”, ao passo que “a sensibilidade é um crescimento substancial”, alicerçada no equilíbrio e no discernimento, frutos do contato com o nosso centro de comando inteligente, nossa fonte interior – fonte de amor inesgotável, que sustenta toda a experiência.

 Assim, “quando eu falo sobre amor, se você tiver sensibilidade, então não apenas a sua cabeça entende, mas o seu coração começa a pulsar de um modo diferente, e então a fragrância chega até você.”
Essas palavras de Osho podem chegar aos nossos olhos e ouvidos como a imagem da flor retratada nesse post, porém a proposta para essa semana é que busquemos sentir a sua fragrância, aguçando o nosso olfato, para além do nosso ‘tato’ convencional, onde todo o contato se faz por intermédio do coração!

Que o seu coração pulse de um modo diferente, a cada evento de sua vida, até que a sua vida seja pura Harmonia.

* Todas as expressões em itálico que  foram compartilhadas nesse texto são  do livro: “Tao – Sua História e Seus Ensinamentos” – OSHO – Cultrix.

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