17 de abr. de 2012

“Possibilidades e potencialidades”


Vivemos acelerados por tantas exigências da vida prática, que muitas vezes, deixamos de desfrutar das possibilidades que a vida nos oferece para sermos felizes, realizando o que nos promove a verdadeira alegria de viver - o que acontece nos raros momentos em que nos permitimos ser autênticos com as nossas verdadeiras necessidades.

    Às vezes abrimos um tempo na agenda para essa pausa preciosa, em busca do “aquietar” que nos tire um pouco dessa aceleração externa que acaba por influenciar a nossa aceleração interna que se revela em ansiedades e “pré-ocupações”, afastando-nos, conseqüentemente, de nossa verdadeira natureza, que só é acessível no momento presente – nem passado, nem futuro.

“Aquietar-se” significa ficar tranqüilo e concentrado. O termo budista é samatha -parando, acalmando-se, concentrando-se. (3)

    Na nossa vida diária, viver de maneira concentrada faz uma grande diferença, que só a prática é capaz de validar. Onde o simples fato de “comermos ou bebermos com concentração”, nos gera inúmeros benefícios à saúde – da digestão ao equilíbrio geral.

“Samadhi é a concentração que acalma a nossa mente e que nos permite olhar profundamente para o objeto da nossa concentração. A prática do Samadhi é muito importante. Onde, devemos nos manter firmemente concentrados o dia inteiro. Ao caminharmos, mantemo-nos firmemente concentrados, ao sentarmo-nos, mantemo-nos firmemente concentrados. Ao respirarmos, mantemo-nos totalmente conscientes da nossa respiração.”(1)

    Pois, “a concentração também tem o seu alimento, a chamada conscientização.

Estar conscientizado significa estar aqui agora. Comer de maneira conscientizada, andar, sentar e abraçar com conscientização.
Esse é o modo de desenvolver concentração.
Como estamos concentrados, somos capazes de compreender. Se podemos compreender, a fé fica reforçada. Conscientização, energia, constância.
 Quando temos fé também temos uma grande quantidade de energia interior. Quando temos dentro de nós, a energia da fé, nossos passos tornam-se mais firmes, nosso olhar mais brilhante. Então estamos prontos para amar, compreender, ajudar e trabalhar.”(1)

Assim, ao realizarmos qualquer atividade - como no exemplo dessa ilustração compartilhada de Camila Lee - concentrados no que há de melhor dentro de nós, acessando nossos talentos natos, com a intenção pura que provém do coração, superamos todas as expectativas que a nossa razão até então, desconhecia.

Camila leva, em média, duas horas para fazer uma ilustração à mão livre, respeitando os detalhes de um desenho original, prática que realiza espontaneamente como atividade de lazer e que a coloca intensamente em contato com suas potencialidades.
Porém, esta ilustração específica foi feita num momento especial, num tempo de quinze minutos, para sua própria surpresa, na intenção de oferecer à sua bisavó - um carinho (um abraço feliz, como retrata o desenho) mesmo à distância - diante da imediaticidade das circunstâncias, na impossibilidade de visitá-la pessoalmente no hospital.

E toda intenção contida nos traços desse desenho, foram assimilados pelo olhar profundo que a bisavó lançou à Camila, mesmo sem a presença física de sua visita, recebendo esse abraço carinhoso!

Outro termo budista que ilustra essa situação é vipasyana - insight, ou examinando em profundidade.
Onde, “examinar em profundidade” significa observar algo ou alguém com tanta concentração que a distinção entre observador e observado desaparece. O resultado é o insight da verdadeira natureza do objeto”.
Algo semelhante “quando ao examinarmos o coração de uma flor, vemos nele as nuvens, a luz do sol, os minerais, o tempo, a terra e todas as outras coisas que existem no universo. Sem as nuvens não poderia haver chuva, e não existiria nenhuma flor. Sem o tempo a flor não poderia desabrochar.(3) 
E, foi exatamente com esse olhar, profundo e cheio de brilho e sabedoria que sua bisavó foi tocada pela intenção do desenho, ao recebê-lo no hospital.

Então, infinitas possibilidades se abrem, quando permitimos o fluir da nossa criança interior - que não vê barreiras para novas fronteiras, para o novo, o desconhecido - seguindo a vida com leveza, espontaneidade e alegria, que se estende em beneficio tanto ao que oferece quanto ao que recebe.

Tenho aprendido muito com essa geração mais jovem (mais livre) e, também me surpreendido com a geração mais antiga (tida como mais rigorosa), quando, ambas me elevam ao olhar mais atento, para além de meus próprios conceitos, no intuito de me conduzir ao entendimento através desse convívio, mostrando-me que: quando “relaxados e à vontade, somos capazes de reconhecer possibilidades à medida que elas se apresentam e, que por estarmos em sintonia com a nossa própria natureza, compreendemos que a existência está nos proporcionando exatamente aquilo de que precisamos” (2)
Então, compreendemos que a fé em si mesmo surge “como resultado da experiência”, onde é possível surpreender-se com a própria capacidade, quando nos abrimos às infinitas possibilidades que se abrem aos nossos olhos, permitindo a nossa própria cura, que se estende em intenção oculta ao redor, mas profundamente poderosa, quando validada pela própria experiência de vida e não pelo simples conceito de superação.

Onde, “ter fé significa ter confiança na nossa habilidade e na habilidade dos outros de despertar para a mais profunda capacidade de amor e entendimento.” (3)

Assim, diante dessas possibilidades, ficamos com a seguinte ‘dica’ para a reflexão dessa semana:

“Não se contente facilmente. Os que se contentam com pouco permanecem pequenos: pequenas são suas alegrias, pequenos são os seus êxtases, pequenos são os seus silêncios, pequeno o seu ser.
Mas não há necessidade disso!
Essa pequenez é uma imposição que você mesmo faz à sua liberdade, às suas possibilidades ilimitadas, ao seu potencial sem limites” (2)

“A fé correta é alimentada pela verdadeira compreensão, não pelo intelecto, mas pela experiência”. (1)

* Créditos da ilustração: Camila Lee

 (1) Jesus e Buda – Irmãos (Thich Nhat Hanh)
(2) Possibilidades – Tarô Zen de Osho
(3) Vivendo Buda, vivendo Cristo (Thich Nhat Hanh)


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