13 de mar. de 2012

Plenitude no Vazio

“Existe um mundo concreto, percebido pelos sentidos, com todas as suas imperfeições; mas além dele existe o outro mundo que contém formas imutáveis e perfeitas.”

“Plenitude no Vazio” - apesar da aparência paradoxal, o sentido além das palavras nos convida à percepção da Unidade que reside em tudo o que É.

Como seres humanos portadores da dualidade, somos ao mesmo tempo - forma e essência – uma parte sempre em busca de um pertencimento que nos integre à totalidade do Ser Essencial.

Porém, enquanto focados apenas na forma da materialidade, podemos nos sentir, sob inúmeras circunstâncias, seres separados ou independentes do Todo sistêmico.
Onde, a palavra “vazio” - sob este ponto de vista da forma - nos promove apenas sensações que os cinco sentidos permitem, contornando ou limitando a forma concreta, sempre mutável em seu ciclo de vida e morte.

Contudo, sob a ótica da essência, esses limites vão sendo ampliados, a partir do momento em que reconhecemos, contidos neste mesmo “vazio”, o “essencial” como tudo aquilo que é eterno e imutável, na recordação “das formas perfeitas com as quais a nossa alma estava em contato antes de se juntar a um corpo”.

E, assim, conforme transitamos e integramos os diversos níveis de nossa consciência, o “vazio” percebido pela consciência focada na forma que nos fazia prisioneiros na limitação dos sentidos da materialidade, vai se transformando em “plenitude”, conforme a consciência se concentra na essência que permeia todas as coisas, ampliando a nossa sensibilidade em direção ao incognoscível.

Então, nos sentimos gratos, quando a sensação de vazio vai sendo preenchida pelas qualidades imutáveis e perfeitas que trazemos como reminiscências de nossa origem primordial, que retornam às formas verdadeiras em nossas relações na Terra como: gratidão, afetuosidade, amor, alegria, firmeza, coragem, reverência – ‘formas’ reluzentes e coloridas, como as cores do arco-íris que representa a essência divina que habita cada ser, nessa foto de Eliza Carneiro, gentilmente cedida para esse compartilhar.

Minha avó, em nossas conversas, sempre se pergunta, e, também me questiona, sobre o que ela estaria deixando para os seus descendentes no cumprimento de seu propósito.

 E, digo a ela:

- A melhor herança você já distribui em vida, no exemplo de como você escolhe viver: com delicadeza e elegância firmes, na postura de quem não tem medo de enfrentar a vida, pois trouxe em si o espírito de sumimasen - como forma de respeito e reverência a toda vida; gaman - como a força da fé na Vida que lhe foi concedida; arigato – como sentimento de gratidão que tudo transforma e, por fim, kokoro – que promove a redenção que brota da compaixão que a liberta do aprisionamento da forma, para simplesmente exercer o Ser essencial, aqui na Terra. E, é assim que a vejo – um Ser Essencial que transcende a forma, a cada despertar que a sua história proporciona.

Afinal, o que fica, apesar do “vazio” que um dia ocupamos enquanto forma, é o que permeia as relações que estabelecemos com o todo e que as tornam “plenas” de sentido para o propósito a que vieram realizar.

Sumimasen - desculpe, sinto muito, com licença
Gaman - aguentar, suportar
Kokoro - coração, mente, essência
Arigato - obrigado, gratidão

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