VIVER o SIMPLES é
enxergar límpido e puro, com olhos de amor...
e, assim como está, vê-se o que
É.
Fátima Lee
"Cisne Negro"* traz uma linda leitura das nossas
experiências mais intrínsecas na vida cotidiana.
Dentre as infinitas possibilidades de insights que as obras
artísticas podem promover em cada um de nós, a que me chamou a atenção nesse
filme foi a necessidade de integração de nós mesmos para a liberdade de sermos
íntegros, inteiros e completos, diante de tantos conflitos que criamos e que
nos distanciam dessa plenitude de ser Unidade.
A dualidade, na experiência tridimensional que abarcamos, é
o caminho que escolhemos para a percepção da Unidade. E quantas vezes nos
polarizamos entre os extremos representados pelo Branco e o Negro, até
encontrarmos um equilíbrio entre os aparentes opostos.
Na busca do modelo perfeito, muitas vezes negligenciamos, abominamos
e evitamos o simples contato com aquilo que julgamos não ser 'politicamente
correto' e, assim, deixamos passar a grande oportunidade de transcendência para
a Plenitude que a Unidade encerra.
E aprendemos, a cada primeiro passo de muitos nessa jornada,
que Disciplina não é controle, nem rigidez.
E que, quando 'tentamos' ser ou fazer, é o controle que está
nos movendo.
"Tentar" é a tentação do perfeccionista que mantém
refém, através do controle, o seu mais puro potencial, escondido por detrás do
medo de errar, de não se expor ou
simplesmente de querer mostrar o seu "Cisne Branco" leve, delicado,
mas que, solitário é apenas uma imagem da perfeição. E, dessa forma, deixa de
ser inteiro, arrebatador e intenso, que só a entrega do "Cisne Negro"
é capaz de promover.
Nem o Cisne Branco ou o Cisne Negro, devem prevalecer. Nem,
tampouco, um necessita morrer para a glória do outro.
Quando o Cisne Branco abre mão do controle de sua ferrenha
disciplina e contenção em busca da perfeição e, assim como o Cisne Negro, permite-se à entrega de sua
própria intensidade, que não teme o erro e apenas confia, pode fluir em sua
dança.
Quando o Cisne Negro disciplina a sua intensidade, e não
mais necessita de um 'papel' no palco da vida, as falsas aparências de suas
máscaras desvanecem e cessa a luta pelo 'seu espaço'.
E, assim, possam o CISNE BRANCO e o CISNE NEGRO, integrados
dentro de nós, realizar uma linda dança, no palco da VIDA única que nos habita.
*Filme com o título original "Black Swan"- Obra
produzida no ano de 2011 e dirigida por Darren Aronofsky.